sexta-feira, 25 de setembro de 2020

 Um Novo Paradigma Educacional para a Contemporaneidade

João Crispim Victorio[1]

           Professor é quem professa

             Quem professa algum conhecimento

             Professa o que exatamente?

 

                   Pensa, poder ser da política independente

                   Acredita na igualdade de oportunidades

                   Imagina a escola neutra

 

                              Falta-lhe consciência da função social

                              Professa para quem, afinal?

 

(Poema de João Crispim Victorio

Livro: Sobre o Trabalho que Falo...) 

Um novo paradigma se faz necessário ao pensarmos a educação no atual momento. Um paradigma que se caracterize pela desconstrução de algumas tradições do passado. O saber científico, e outras questões colocadas para reflexão sobre o modelo atual das práticas docentes, nas diversas instituições de ensino devem ser pensados pelos envolvidos no processo ensino aprendizagem para o sucesso de todos.

Dessa forma o debate das concepções contemporâneas e suas influências na educação são de grande relevância na atual conjuntura. Discussão esta que sempre esteve presente nos programas curriculares desde a década de 1970 e 1980 no intuito de romper com o tecnicismo presente na Lei nº. 5.692/71 e que até hoje causa influência no campo sócio educacional.

Mesmo após a instituição da Lei nº. 9.394/96 (LDB/96) não se conseguiu extinguir as velhas práticas do modelo educacional brasileiro, criadas no final do século XIX. Para piorar, atrelaram a educação aos ditames dos organismos internacionais que regem o mercado mundial e baseiam a formação humana em habilidades e competências voltadas para o trabalho.

Diante do problema exposto, é imperioso aprofundar essas discussões no currículo, não como um conceito, mas uma construção cultural. Temos de ir além da superficialidade da discussão do currículo oculto, formal ou informal, das concepções com base no ensino tradicional. É necessário compreender o currículo como reflexo da sociedade local e global, e que, por isso, sofre influências da política, da economia e do meio social. Por fim, o currículo deve ser compreendido como um processo elaborado e reelaborado pelos sujeitos da educação.

O novo currículo a ser instituído deve ter compromisso ético-emancipatório com os sujeitos da educação; ter sintonia com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs); ter diálogo entre os diversos campos do conhecimento e ocorrer de forma a analisar e interpretar as diferentes fontes de informação. Nesse novo currículo deve predominar a perspectiva do trabalho com os saberes em rede, ou seja, onde todos os sujeitos se relacionem com igual importância no fazer escolar. Aqui o conhecimento é construído de maneira semelhante a uma árvore em que as raízes se conectam umas às outras dando sustentação, alimento e força para fazer com que a aprendizagem seja alimentada e possa gerar “frutos” nos estudantes.

Um novo currículo com base nas concepções contemporâneas de educação nos permitirá abordar a temática do conhecimento de mundo nas escolas, de acordo com o conhecimento acumulado pela humanidade e pelas ciências, para tanto é preciso mudança de postura do educador. Este, precisa buscar e interpretar criticamente a realidade contemporânea em sala de aula, ter nova conduta para alicerçar a escolha dos conteúdos a serem discutidos em sua prática docente, pois vivemos em um mundo de constantes transformações em todas as esferas da vida social global e local.

A demanda é grande e requer um educador como agente provocador, capaz de realizar as intervenções pedagógicas necessárias no processo ensino-aprendizagem. Um educador que crie um ambiente propício para a reflexão dos diversos campos que constituem a vida em sociedade no seu contexto mais amplo. Dessa maneira contribuir para formar o novo homem em um mundo em que o conhecimento é a chave para o desenvolvimento profissional e, consequentemente, para uma vida melhor.

Neste contexto, as pesquisas contemporâneas na área da educação mostram a importância do educador como produtor e pesquisador na sua prática cotidiana. Educador consciente da complexidade profissional e humana, ciente da necessidade da instituição dos diversos saberes no espaço educacional contemporâneo.

Sendo assim,  é notório que tanto as instituições de ensino, quanto os processos de formação de professores devam ser reformulados na perspectiva de oferecer ao profissional da educação subsídios humanos em comunhão com os aspectos técnicos, no intuito de preparar o educador a dar conta da complexidade e da problemática ação de ensinar e aprender em uma sociedade pós-moderna.



[1] Professor, Especialista em Educação e Poeta. Autor do livro: Nativos de Pindorama: conhecer para respeitar é preciso. Editora Autografia, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2018.

 

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