domingo, 29 de dezembro de 2013
sábado, 28 de dezembro de 2013
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Poemas: Sobre o trabalho que falo...
O
livro aborda o trabalho nas suas dimensões sociais, políticas, filosóficas e
relacionais inseridas no cotidiano das várias categorias de trabalhadoras e
trabalhadores brasileiros. Neste sentido, por meio de poemas, pretende mostrar
a realidade do trabalho, descaracterizado pelo sistema capitalista, na intenção
de despertar os trabalhadores para as mais variadas formas de injustiças
relacionadas ao mundo do trabalho.
sábado, 21 de dezembro de 2013
Natal
O materialismo do Papai
Noel e a espiritualidade do Menino Jesus
Leonardo Boff
/ 21/12/2013
Um dia, o
Filho de Deus quis saber como andavam as crianças que outrora, quando andou
entre nós,“as tocaca e as abençoava” e que dissera:”deixai vir a mim as
criancinhas porque delas é o Reino de Deus”(Lucas 18, 15-16).
À
semelhança dos mitos antigos, montou num raio celeste e chegou à Terra, umas
semanas antes do Natal. Assumiu a forma de um gari que limpava as ruas. Assim
podia ver melhor os passantes, as lojas todas iluminadas e cheias de objetos
embrulhados para presentes e principalmente seus irmãos e irmãs menores que
perambulavam por aí, mal vestidos e muitos com forme, pedindo esmolas.
Entristeceu-se sobremaneira, porque verificou que quase ninguém seguira as
palavras que deixou ditas:”quem receber qualquer uma destas crianças em meu
nome é a mim que recebe”(Marcos 9,37).
E viu
também que já ninguém falava do Menino Jesus que vinha, escondido, trazer na
noite de Natal, presentes para todas as crianças. O seu lugar foi ocupado por
um velhinho bonachão, vestido de vermelho com um saco às costas e com longas
barbas que toda hora grita bobamente:”Oh, Oh, Oh…olhem o Papai Noel aqui”. Sim,
pelas ruas e dentro das grandes lojas lá estava ele, abraçando crianças e
tirando do saco presentes que os pais os haviam comprado e colocado lá dentro.
Diz-se que veio de longe, da Finlândia, montado num trenó puxado por
renas. As pessoas haviam esquecido de outro velhinho, este verdadeiramente bom:
São Nicolau. De família rica, dava pelo Natal presentes às crianças pobres
dizendo que era o Menino Jesus que lhes estava enviando. Disso tudo ninguem
falava. Só se falava do Papai Noel, inventado há mais de cem anos.
Tão
triste como ver crianças abandonadas nas ruas, foi perceber como elas eram
enganadas, seduzidas pelas luzes e pelo brilho dos presentes, dos brinquedos e
de mil outros objetos que os pais e as mães costumam comprar como presentes
para serem distribuidos por ocasião da ceia do Natal.
Propagandas
se gritam em voz alta, muitas enganosas, suscitando o desejo nas crianças que
depois correm para os pais, suplicando-lhes para que comprem o que viram. O
Menino Jesus travestido de gari, deu-se conta de que aquilo que os anjos
cantaram de noite pelos campos de Belém”eis que vos anuncio uma alegria para
todo o povo porque nasceu-vos hoje um Salvador…glória a Deus nas alturas e paz
na terra aos homens de boa-vontade”(Lucas 2, 10-14) não significava mais nada.
O amor tinham sido substituído pelos objetos e a jovialidade de Deus que se fez
criança, tinha desaparecido em nome do prazer de consumir.
Triste,
tomou outro raio celeste e antes de voltar ao céu deixou escrita uma cartinha
para as crianças. Foi encontrada debaixo da porta das casas e especialmente dos
casebres dos morros da cidade, chamadas de favelas. Ai o Menino Jesus escreveu:
Meus
queridos irmãozinhos e irmãzinhas,
Se vocês
olhando o presépio e virem lá o Menino Jesus e se encherem de fé de que ele é o
Filho de Deus Pai que se fez um menino, menino qual um de nós e que Ele é
o Deus-irmão que está sempre conosco,
Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas, especialmente nos pobrezinhos, a presenca escondida do Menino Jesus nascendo dentro deles.
Se vocês repararem nos três reis magos com os presentes para o Menino
Jesus e pensarem que até os reis, os grandes deste mundo e os sábios
reconheceram a grandeza escondida desse pequeno Menino que choraminga em cima
das palhinhas,
Se vocês, ao verem no presépio todos aqueles animais, como as ovelhas, o
boi e a vaquinha pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela Menino
Jesus e que todos, galáxias, estrelas, sois, a Terra e outros seres da
natureza e nós mesmos formamos a grande Casa de Deus,
Se vocês olharem para o alto e virem a astrela com sua cauda e
recordarem que sempre há uma Estrela como a de Belém sobre vocês,
iluminando-os e mostrando-lhes os melhores caminhos,
Se vocês aguçarem bem os ouvidos e escutarem a partir dos sentidos
interiores, uma música celestial como aquela dos anjos nos campos de Belém que
anunciavam paz na terra,
Então saibam que sou eu, o Menino Jesus, que está chegando de novo
e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês,
chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos
todos, humanidade e universo, à Casa do Pai e Mãe de infinita bondade para
sermos juntos eternamente felizes como uma grande família reunida.
Belém, 25 de dezembro do ano 1.
Assinado: Menino Jesus
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
CATEQUESES
DE NATAL
Pe.
Zezinho.
Incomodada com os sermões do seu pároco que explicou
que Jesus não era mais menino, que não nasceu no dia 25 de dezembro, que os
reis magos não eram nem reis nem magos e que as alegorias da infância de Jesus
se dividiam entre fatos reais e fatos que não aconteceram, mas que a Igreja
usou para mostrar o Cristo da fé, Dona Elvira jurou que iria para uma paróquia
onde o padre não fosse tão sem fé.
Perguntei-lhe se na juventude lia Romance, Sétimo
Céu, Ilusão e Capricho, revistas para as moças sonhadoras daqueles dias.
Perguntei se seguia noticiário, novelas e minisséries na televisão. Lera e
seguia. Aos poucos a convenci de que ela cresceu aprendendo com histórias reais
e com histórias fictícias, mas nem por isso mentirosas. Convenci-a de que o
"Filho Pródigo", "O fariseu e o Publicano" "O Bom
Samaritano" também eram histórias fictícias que Jesus criou para ilustrar
um ensinamento!
Falei então das três grávidas: Ana de Elcana, Izabel
e Maria, duas estéreis e uma virgem que deram à luz como um serviço a Deus e ao
seu povo. Falei de João Batista, dos pastores, do velhinho Simeão e Ana de
Fanuel, das crianças mártires, do jovem mártir Estevão, de João Evangelista, do
domingo da paz, do domingo da família, dos reis magos. Expliquei o sentido
pedagógico desses personagens que englobam todas as pessoas e nações e culminam
na festa da Epifania Luz essencial que brilhou aqui.
Falei então do papa Bento XVI que lembra num de seus
livros que a luz que se conhecia era a de vela e de archotes. Hoje que temos
lanternas e holofotes e conhecemos a luz forte e dirigida que vai lá e espanca
as trevas, podemos chamar Jesus de luz forte, holofote, farol do céu, luz que
veio e que vai lá onde há trevas e escuridão. É luz que vem de longe e visita.
Falei ainda dos adivinhos de hoje que jogam búzios, cartas, tarôs, ou predizem
o futuro pelas estrelas e pelos horóscopos. Hoje a Igreja diria que Jesus veio
para todos eles. A luz que procuram já veio: é Jesus! Foi assim naquele tempo!
Era a catequese de Natal daqueles tempos.
Dona Elvira me olhou com aqueles olhos de senhora de
53 anos, avó sem muita escola, mas inteligente e de muita fé e disse: -Ah é, é?
Então porque não me falaram isso tudo quando eu era menina? Respondi que no
tempo dela já se sabia tudo isso, porque a exegese e a liturgia têm séculos de
existência. Ela teria que perguntar aos padres que pregaram naqueles dias por
que razão deixaram os fiéis pensarem que Jesus ainda é menino e porque não
explicaram a diferença entre fato e alegoria. Já se ensinava tudo isso nos
seminários.
Receio que a resposta seja a mesma de hoje. No dia
31 de Dezembro, na televisão, para milhões de fiéis um pregador disse que há
provas históricas de que um dos reis era da Pérsia, outro da Etiópia e outro da
Europa. Onde ele arranjou tais provas ninguém sabe!
Catequese fácil de Natal qualquer um pode pregar.
Basta repetir sem explicar o que está nos textos. Catequese difícil é a que
explica e contextualiza! Coisa para quem estuda e lê!
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Bourdieu
e a educação
Pelo sistema de
ensino, as diferenças iniciais de classe são transformadas em desigualdades de
destino escolar e em forma específica de dominação
Ana Paula Hey e
Afrânio Mendes Catani
A partir
dos anos 1960, e durante quase 45 anos, Pierre Bourdieu produziu um conjunto de
análises no âmbito da sociologia da educação e da cultura que influenciou
decisivamente algumas gerações de intelectuais, obtendo o reconhecimento de
pesquisadores, estudantes e ativistas que atuam em várias outras esferas da
sociedade. Em “Uma sociologia da produção do mundo cultural e escolar”,
introdução a Escritos de
educação (1998), que reúne 12 textos do sociólogo francês, Maria A.
Nogueira e Afrânio Catani escrevem o seguinte: “Ao mesmo tempo em que colocava
novos questionamentos, sua obra fornecia respostas originais, renovando o
pensamento sociológico sobre as funções e o funcionamento social dos sistemas
de ensino nas sociedades contemporâneas, e sobre as relações que mantêm os
diferentes grupos sociais com a escola e com o saber. Conceitos e categorias
analíticas por ele construídos constituem hoje moeda corrente da pesquisa
educacional, impregnando boa parte das análises brasileiras sobre as condições
de produção e de distribuição dos bens culturais e simbólicos, entre os quais
se incluem os produtos escolares”.
Bourdieu, em
seus escritos, procurou questionar, nas sociedades de classes, temática que
persegue muitos intelectuais: a compreensão de como e por que pequenos grupos
de indivíduos conseguem se apoderar dos meios de dominação, permitindo nomear e
representar a realidade, construindo categorias, classificações e visões de
mundo às quais todos os outros são obrigados a se referir. Compreender o mundo,
para ele, converte-se em poderoso instrumento de libertação – é esse
procedimento que ele realiza, dentre outros domínios, no educacional.
A cultura vem
a ser um sistema de significações hierarquizadas, tornando-se um móvel de lutas
entre grupos sociais cuja finalidade é a de manter distanciamentos distintivos
entre classes sociais. A dominação cultural se expressa na fórmula segundo a
qual a cada posição na hierarquia social corresponde uma cultura específica
(elitista, média, de massa), caracterizadas respectivamente pela distinção,
pela pretensão e pela privação. Definida por gostos e formas de apreciação
estética, a cultura é central no processo de dominação; é a imposição da
cultura dominante como sendo “a cultura” que faz com que as classes dominadas
atribuam sua situação subalterna à sua suposta deficiência cultural, e não à
imposição pura e simples. O sistema de ensino desempenha papel de realce na
reprodução dessa relação de dominação cultural, funcionando ainda, para Bento
Prado Jr., “como chancela de diferenças culturais e lingüísticas já dadas,
antes da escolarização, no quadro da socialização primeira, que é
necessariamente diferencial, segundo a inscrição das famílias nas diferentes
classes sociais. (…) O código lingüístico da burguesia (com seus cacoetes,
idiotismos, sua particularidade) será encontrado, pelos futuros notáveis, nas
salas de aula, como a linguagem da razão, da cultura, numa palavra, como
elemento ou horizonte da Verdade. O particular é arbitrariamente erigido em
universal e o ‘capital cultural’ adquirido na esfera doméstica, pelos filhos da
burguesia, lhes assegura um privilégio considerável no destino escolar e
profissional. No Destino, enfim” (“A Educação depois de 1968”, em Os Descaminhos da Educação,
ed. Brasiliense).
A escola como reprodutora da dominação
A função do
sistema de ensino é servir de instrumento de legitimação das desigualdades
sociais. Longe de ser libertadora, a escola é conservadora e mantém a dominação
dos dominantes sobre as classes populares, sendo representada como um
instrumento de reforço das desigualdades e como reprodutora cultural, pois há o
acesso desigual à cultura segundo a origem de classe.
O filósofo
idealista Alain (Émile Chartier, 1868-1951) foi professor durante décadas na Khâgne (classes
preparatórias às Escolas Normais nas áreas de letras e filosofia, onde são
recrutados os intelectuais de maior prestígio no campo intelectual francês) do
Lycée Henri IV (Paris) tendo, dentre centenas de outros alunos, Raymond Aron,
Simone Weill e Georges Canguilhem. Em 1932, Alain escrevia em Propos sur l´éducation – Pédagogie
enfantine, de maneira apologética, que “se pode perfeitamente dizer
que não há pensamento a não ser na escola”.
Bourdieu
construirá sua trajetória analítica no domínio da sociologia da educação
procurando opor-se a um idealismo como o preconizado por Alain, em que a
reflexão é destituída de qualquer fundamento histórico, como na velha tradição
francesa. Em artigo de 1966, “A escola conservadora: as desigualdades frente à
escola e à cultura”, rompe com as explicações fundadas em aptidões naturais e
individuais e critica o mito do “dom”, desvendando as condições sociais e
culturais que permitiriam o desenvolvimento desse mito. Desmonta, também, os
mecanismos através dos quais o sistema de ensino transforma as diferenças
iniciais – resultado da transmissão familiar da herança cultural – em
desigualdades de destino escolar. Explora a relação com o saber, em detrimento do
saber em si mesmo, mostrando como os estudantes provenientes de famílias
desprovidas de capital cultural apresentarão uma relação com as obras da
cultura veiculadas pela escola que tende a ser interessada, laboriosa, tensa,
esforçada, enquanto para os alunos originários de meios culturalmente
privilegiados essa relação está marcada pelo diletantismo, desenvoltura,
elegância, facilidade verbal “natural”. Ao avaliar o desempenho dos alunos, a
escola leva em conta, conscientemente ou não, esse modo de aquisição e uso do
saber.
Segundo
Bourdieu, “para que sejam desfavorecidos os mais favorecidos, é necessário e
suficiente que a escola ignore, no âmbito dos conteúdos do ensino que
transmite, dos métodos e técnicas de transmissão e dos critérios de avaliação,
as desigualdades culturais entre as crianças das diferentes classes sociais.
Tratando todos os educandos, por mais desiguais que sejam eles de fato, como
iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar sua sanção às
desigualdades iniciais diante da cultura”.
Bourdieu
constrói seu esquema analítico relativo ao sistema escolar e às relações não
explícitas que o ancoram em uma longa trajetória que envolve análises empíricas
objetivas, centradas em estatísticas da situação escolar francesa. Já em 1964,
em Les étudiants et leurs
études (Os
estudantes e seus estudos) e Les
héritiers. Les étudiants et la culture (Os herdeiros. Os estudantes e a cultura),
escritos com Jean-Claude Passeron, examina como os estudantes se relacionam com
a estrutura do sistema escolar e como são nele representados, e constata a
desigual representação das diferentes classes sociais no sistema superior.
Investiga a cultura “legítima”, aquela das classes privilegiadas que é validada
nos exames escolares e nos diplomas outorgados, e o ensino, aquele que
autentica um corpo de conhecimentos, de saber-fazer e, sobretudo, de saber
dizer, que constitui o patrimônio das classes cultivadas.
O fato de
desvendar as desigualdades do ensino francês, tanto como sistema como em seu
interior, significa uma grande mudança no pressuposto já canonizado –
principalmente com Durkheim, que personifica o ideal da Terceira República
(1870-1940), conhecida como “A República dos Professores” –, em que a escola
deveria fornecer a educação para todos os indivíduos, proporcionando-lhes
instrumentos que pudessem garantir sua liberdade, mas, também, sua ascensão
social.
Ao afirmar que
o sistema escolar institui fronteiras sociais análogas àquelas que separavam a
grande nobreza da pequena nobreza, e esta dos simples plebeus, ao instaurar uma
ruptura entre os alunos das grandes escolas e os das faculdades (ao analisar o
campo universitário francês e o papel das Grandes Écoles), Bourdieu desvela a crueza da
desigualdade social e, ao mesmo tempo, como ela é simulada no sistema escolar e
entranhada nas estruturas cognitivas dos participantes desse universo –
professores, alunos, dirigentes.
Conhecimento e poder
Assim, a
instituição escolar é vista como desempenhando uma grande função de produção de
diferenças cognitivas, uma vez que ajuda a produzir esquemas de apreciação,
percepção e ação do mundo social por via da internalização dos sistemas
classificatórios dominantes no mundo social global.
Suas análises
da educação, então, passam a pertencer ao campo da sociologia do conhecimento e
da sociologia do poder, pois como ele mesmo afirma, longe de ser uma ciência
aplicada e adequada somente aos pedagogos, ela se situa na base de uma
antropologia geral do poder e da legitimidade, porquanto se detém “nos
mecanismos responsáveis pela reprodução das estruturas sociais e pela
reprodução das estruturas mentais”.
Para Loïc
Wacquant, Bourdieu oferece uma anatomia da produção do novo capital [o
cultural] e uma análise dos efeitos sociais de sua circulação nos vários campos
envolvidos no trabalho de dominação. Em La
noblesse d´État (A nobreza do Estado) comprova e reforça suas teses
iniciais sobre o sistema de ensino e a “relação de colisão e colusão, de
autonomia e cumplicidade, de distância e de dependência entre poder material e
poder simbólico”. Sua sociologia da educação é, antes de tudo, uma
“antropologia generativa dos poderes focada na contribuição especial que as
formas simbólicas dão à respectiva operação, conversão e naturalização. (…) O
interesse de Bourdieu pela escola deriva do papel que ele lhe atribui como
garantidor da ordem social contemporânea via magia do Estado que consagra as
divisões sociais, inscrevendo-as simultaneamente na objetividade das
distribuições materiais e na subjetividade das classificações cognitivas”.
A apropriação
do autor no campo educacional brasileiro ocorre de forma mais incisiva no uso
de suas noções mais evidentes e, não raramente, desvinculadas de sua
epistemologia. É por isso que podemos encontrar os “teóricos” de Bourdieu, os
“ativistas” e, de forma menos usual, aqueles que se apropriam de sua “prática
epistemológica”. Constata-se a necessidade de re-conhecer o autor, buscando o
entendimento da teoria sociológica que embasa suas noções mais conhecidas e
também mais banalizadas, assim como o sentido da percepção do mundo social que
tal teoria informa. Bourdieu nos ensina que toda prática humana encontra-se
imersa em uma ordem social, sobretudo essa categoria específica de práticas
inerentes ao mundo acadêmico. Fazer uma sociologia da educação bourdieusiana, analisando o papel do
sistema de ensino na consagração das divisões sociais e consolidando um novo
modo de dominação, torna-se um desafio até para os acadêmicos mais ousados.
Ana Paula Hey é professora no
Programa de Pós-Graduação em Educação da UMESP e autora do livro Esboço de uma sociologia do campo
acadêmico: A educação superior no Brasil (EDUFSCar/FAPESP)
Afrânio Mendes Catani é professor na
Faculdade de Educação da USP e pesquisador do CNPq. Organizou, com Maria Alice
Nogueira, Escritos de
educação (Vozes), reunindo ensaios de Pierre Bourdieu.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Convicção
João Crispim Victorio
/ Poetas de Manguinhos
Sou um seguidor de Cristo
Bebo, brigo e gritoFaço greve e protesto ser for preciso
Saí do deserto direto para o precipício
Mas, não vou cometer nenhum suicídio
Nem me enganar com o paraíso...
Vivo minha vida correndo perigo
Vivo para fazer e dizerSem querer agradar a você ou ao inimigo...
Sou um homem objetivo
Tenho minhas profeciasNão tenho medo do novo nem do antigo
Não sou alegre nem sou triste...
Observo os movimentos da noite
Para praticar melhor meu diaFaz tempo que desci do muro
Acompanho junto minha namorada
E de perto as notícias...
Meus planos são de guerra
Minhas armas a sabedoriaNão sou o analfabeto classificado por Brecht
Política é uma ciência antiga
Opressão tornou-se doutrina...
Já li Marx e ouço Chico
Por convicção sou comunistaUm seguidor de Cristo...
O
minuto
João Crispim Victorio / Poemas: Sobre o trabalho que falo...
João Crispim Victorio / Poemas: Sobre o trabalho que falo...
Um minuto é muito
importante
Independe do que
fazemos
Um minuto é pouco
valorizado
Nos tempos em que
vivemos
Um minuto pode ser
pouco
Para falar o que
queremos
Um minuto pode ser
muito
Para que nos calemos
Um minuto de
trabalho
É muito para patrão
Um minuto de
descanso
É pouco para o
operário
Nem um minuto a mais
Nem um minuto a
menos
O minuto é parte do
cálculo
Na louca divisão do
tempo
Um minuto pode ser o
suficiente
Pra loucura de muita
gente
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