O menino sai de casa
Quando vai alta madrugada
Corre atrás de um emprego
Não é o último, nem o primeiro...
Espera o trem na
estação
Aprendeu desde cedo
esta liçãoPerde os sonhos na realidade
Infância extirpada à metade...
Acabou-se a
brincadeira
Vai trabalhar numa
caldeiraMagro corpo esmirrado
É só mais um pobre coitado...
O menino volta a
casa
Quando o sol se foi
na longa estradaNo semblante o ar tristonho
Feito toda aquela gente grande...
Fim de mais um dia
de trabalho
Glória esperada por
todo operárioO chão da fábrica é sua prisão
Símbolo forte da malvada opressão...
Tiraram-lhe os
livros
Os seus passos não
são mais livresO menino transformou-se num rapaz
Seu sorriso pouco a pouco foi ficando para trás...
Na ilusão de ser um
homem de verdade
Cresce na
expectativa da tal oportunidadeNão entende os motivos de tantas desgraças
Por conta disso toma mais um gole de cachaça...
Mas parece ser
sempre a mesma história
Sente agora falta da
sua velha escolaNesses momentos tem um aperto no coração
Segura suas lágrimas porque homem não chora não...
Aprendeu desde muito
cedo esta lição...
Extraído do livro: Sobre o Trabalho que Falo...
17 de dezembro de 2015.
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