quinta-feira, 28 de novembro de 2019

terça-feira, 12 de novembro de 2019


20 de Novembro
Consciência NEGRA
Valeu Zumbi!!





Consciência

Negro erga a cabeça
Assuma negro, a cor da pele do Rei...

Zumbi não morreu
Vive em nossas memórias
Com certeza é negro
Negro desde quando nasceu
Assuma negro, a cor da pele do Rei...

Negro erga a cabeça
Assuma negro, a luta justa do Rei...

Zumbi não morreu
Vive nos quilombos
Com certeza luta
Luta desde quando nasceu
 Luta negro, a luta justa do Rei.

Negro erga a cabeça
Assuma negro, o grito forte do Rei...

Zumbi não morreu
Vive nos campos e cidades
Com certeza resiste
Resiste por seus filhos amados
 Grita negro, o grito forte do Rei...


Poema de João Crispim Victorio


Pedagogia, Escolas e Docentes na Sociedade de Classes.

João Crispim Victorio[1]



De um lado uma escola estruturada
De outro, uma desorganizada...

De um lado professores estimulados
De outro, desanimados...

De um lado uma escola bem cuidada
De outro, uma abandonada...

        Por um longo tempo da nossa história, melhor situando, durante o período tribal, a educação era passada oralmente de pai para filho. O pai era quem educava, quem detinha e transmitia o conhecimento. Pois, desde aqueles tempos, ainda hoje, vivemos uma organização social patriarcal. No brasil, o modelo oral de educação ainda é colocado em prática em muitas tribos indígenas, principalmente as tribos isoladas, onde geralmente quem transmite o conhecimento é o pai, a mãe e o ancião da tribo.

        Na Antiga Grécia, em um determinado momento de sua evolução social, o pai deixava de ser o educador, a sociedade constituída necessitava de uma forma melhor de transmissão do conhecimento, dessa forma surge a figura do pedagogo. Ou melhor, dos paidagogós[2], termo que fazia referência ao escravo que levava a criança para a escola. Então, pedagogia é um termo que deriva do grego e quer dizer paidos (criança) e gogía (conduzir).
        Mas foi mesmo a partir do século XVIII, que o termo pedagogia ganhou força, em meio a Revolução Industrial[3]. Já que, a mesma trouxe como principal consequência a formação de pequenas e médias cidades e suas vilas operárias que ao se concentrarem causavam crescimento demográfico em determinadas regiões. A referida urbanização exigiu mudanças estruturais e sociais para atender às necessidades mais urgentes, como a educação e a saúde. Esse fenômeno social deu início ao modelo de educação centrado na figura do pedagogo (professor) como transmissor do conhecimento.
        No Brasil, podemos dizer, apoiados na nossa própria história, que a educação, primeiro conduzida pela igreja e depois pelo Estado, fez surgir tendências pedagógicas. Tendências essas muitas das vezes formuladas por agentes estranhos à escola. Mas cada qual com suas propostas no sentido de acabar com os problemas da educação e com o objetivo de orientar a prática educacional das instituições escolares.


De um lado professores melhores remunerados

De outro, baixos salários...


De um lado uma escola promissora
De outro, uma opressora...

De um lado alunos respeitados
De outro, violentados...

        A pedagogia como parte integrante da educação brasileira atual, está embasada nos estudos da Psicologia, Sociologia, Filosofia, Antropologia, entre outras. Por isso é de suma importância, para constituição de uma sociedade moderna e justa, o dever prioritário do desenvolvimento de forma respeitosa e harmoniosa dos mais variados grupos étnicos e sociais[4]. Pois, trata-se de uma área que busca refletir, ordenar e sistematizar os princípios e métodos utilizados no ensino de crianças, jovens e adultos, além dos problemas de ordem educacional.
        Educar é, sem sombra de dúvidas, a ação mais importante para a total liberdade. E libertar significa tirar as amarras e a venda dos olhos do sujeito para que ele possa caminhar rumo ao necessário conhecimento e viver bem em sociedade. Neste sentido, o desafio da educação é estimular e dar condições ao mesmo para a transformação social. Para tanto o diálogo entre as várias ciências deve ser objetivo da pedagogia. Ao melhorarmos a qualidade do ensino, consequentemente faremos emergir uma nova sociedade.
        Precisamos mudar radicalmente a estrutura do sistema de ensino do nosso país. Ainda estamos presos à base educacional construída no Brasil Colônia do século XVI, pelos jesuítas[5]. Modelo organizacional criado para servir como correia de transmissão do modo de vida dos colonizadores aos colonos. No Brasil Império a situação se mantém quase que a mesma e pouco mudou com a chegada da República, apesar da expansão das escolas. As escolas públicas serviam às famílias de classe média, as particulares às famílias ricas e os filhos das famílias pobres não tinham acesso a nenhum tipo de escola.
        Como podemos notar, a educação em nosso país sempre foi privilégio dos mais abastados. Esse modelo elitista perdura até o final do século XX, quando, enfim, a Constituição de 1988 passa garantir acesso à educação, de forma obrigatória, aos grupos sociais que dela foram excluídos ao longo da história. Contudo, apesar de garantido pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB/96, nosso sistema de educação segue desrespeitado. Podemos dizer isso, a partir do momento em que não lhe é dado o devido valor. Quando o que temos são estruturas prediais em péssimas condições de funcionamento. Quando nos falta gestão democrática e autonomia pedagógica.
        Temos, sim, muitos problemas como o excesso de alunos por sala de aula, mobiliários quebrados, iluminação deficitária, falta de professores, escolas sem acesso à internet, entre outras coisas. Além dos problemas já citados, o mais grave é a utilização do método propedêutico[6] na escolarização de todas as fases do ensino básico e de graduação. Método esse que ajuda manter o objetivo final da classe economicamente favorecida, promover a cultura de atores sociais brancos, masculinos e ricos. 


De um lado uma escola de diálogos

De outro, uma de gritos...

De um lado alunos bem acolhidos
De outro, excluídos...

De um lado uma escola formando para mandar
De outro, uma formando para trabalhar...

        Falar de educação é falar de transformação pessoal e social. Nesse sentido, temos clareza que antes de querer mudar qualquer coisa é preciso mudar a si mesmo. Só assim, poderemos instituir uma educação de base transformadora. No entanto, sabemos que não é uma tarefa fácil, vivemos em uma sociedade de classes e a educação sempre esteve em disputa, apesar de por si só não ser um fator determinante de transformação.
        Acreditamos na necessidade do fortalecimento na formação docente. Os futuros profissionais da educação precisam entender histórica e culturalmente a sociedade em que vivem. Precisam perceber o papel dos sujeitos sociais, seus diferentes posicionamentos em defesa de uma sociedade mais justa. Temos que garantir o estado de direito onde todos possam exercer e gozar de sua cidadania.
        A prática pedagógica deve ser encarada como social e política, na perspectiva da educação democrática. O educador tem papel importantíssimo nesse processo. Tem a função de mediar entre o conhecimento histórico acumulado e o aluno. Para tanto, deve exercer sua prática pedagógica permitindo ao aluno acessar o conhecimento e transformá-lo. Isso, implica que o educador deve se apropriar do conhecimento.
        A aprendizagem é um dos objetivos de toda prática pedagógica. Uma compreensão ampla do aprender é fundamental na construção de uma proposta de educação. Então, a prática educacional deve ser entendida em sua plena função mobilizadora na construção de uma sociedade cidadã. Dessa forma, não cabe mais uma educação baseada na onipotência do educador e da escola. É necessário um novo educador, que seja mediador do conhecimento, crítico e ao mesmo tempo sensível, que esteja em permanente formação, um orientador, um cooperador e construtor de sentido.
        Nesse contexto a escola deve ser local de otimização dos processos de aprendizagem e dos processos de construção cidadã. Que produza práticas pedagógicas que garanta o desenvolvimento integral da pessoa humana. Ou seja, pessoas solidárias e produtoras de conhecimento. A escola, enquanto instrumento de educação como prática de liberdade.


De um lado uma escola formando para mandar

De outro, uma formando para trabalhar...

De um lado professores vendidos
De outro, rendidos...

De um lado alunos brancos socializados
De outro, negros marginalizados...


REFERÊNCIAS

CORTELLA, M. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. São Paulo: Cortez. Instituto Paulo Freire, 1988.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. Um reencontro com a pedagogia do oprimido. 1997, Paz e Terra. São Paulo.

FREIRE, Paulo. Discussões em torno da pós-modernidade. In: FREIRE, Ana Maria Araújo (Org.) Pedagogia dos sonhos possíveis/Paulo Freire. São Paulo: Editora UNESP, 2001.

GIROUX, Henri A. Os professores como intelectuais – rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Edt. Artes Médicas, Porto Alegre: 1997.

SANTOMÉ, J. As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA. T. (Org.). Alienígenas na sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

VICTORIO, João Crispim. Poemas: Sobre o Trabalho que Falo... São Paulo, SP: All Print, 2013. 

MARIANI, C. Como formar um cidadão ético. Disponível em: http:///www.afilosofia.com.br/post/como-formar-um-cidadao-etico/393 acesso em 15 de março de 2015.

SILVA, D. C. O professor na sociedade atual. Disponível em: http://tribunadonorte.com.br/noticia/o-professor-na-sociedade-atual/203666 acesso em 22 de março de 2015.


[1] João Crispim Victorio é Professor, Especialista em Educação e Poeta.

[2] Paidagogós, inicialmente era composto por paidos, que significa criança, e gogía, que significa acompanhar ou conduzir. Este conceito era uma referência a situação em que um escravo era quem levava as crianças para a escola.

[3] Revolução Industrial foi um processo acelerado de substituição da produção manual pela produção mecânica. A Revolução Industrial não ficou restrita à Inglaterra, outras nações também se industrializaram, em especial a França. A principal consequência disso foi o grande êxodo rural que ocorreu nestes países. Milhares de pessoas abandonaram os campos em busca de oportunidades nas cidades industrializadas.

[4] O Brasil possui grande diversidade étnica, sua população é composta essencialmente por três principais grupos étnicos: o indígena, o branco e o negro. Os indígenas constituem a população nativa do país, os brancos, vieram basicamente dos portugueses, entre outros europeus, foram os colonizadores da nação e os negros africanos foram trazidos para o trabalho escravo.

[5] Os jesuítas eram padres que pertenciam à Companhia de Jesus, uma ordem religiosa vinculada à Igreja Católica que tinha como objetivo a pregação do evangelho pelo mundo. Essa ordem religiosa foi criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola e foi oficialmente reconhecida pela Igreja a partir do papa Paulo III em 1540. Os primeiros jesuítas que vieram ao Brasil chegaram com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa, em 1549. Eles eram liderados por Manuel da Nobrega e tinham como principal missão a cristianização dos nativos e zelar pela Igreja instalada no Brasil colonial. 

[6] Propedêutico é o método que serve de introdução; que prepara ou habilita para servir ensino mais completo.

Bíblia: a Escritura Sagrada Inspirada por Deus. João Crispim Victorio – Professor, Especialista em Educação. “Toda Bíblia é comunicação de ...