quinta-feira, 15 de outubro de 2020
O Papel, o Funcionamento das Instituições de Ensino e a Identidade do Professor no Brasil.
João Crispim Victorio[1]
As escolas
De outro, uma desorganizada...
De um lado professores estimulados
De outro, desanimados...
De um lado uma escola bem cuidada
De outro, uma abandonada...
De um lado professores humilhados
De outro, baixos salários...
De um lado uma escola promissora
De outro, uma opressora...
De um lado alunos respeitados
De outro, violentados...
De um lado uma escola de diálogos
De outro, uma de gritos...
De um lado alunos bem acolhidos
De outro, excluídos...
De um lado uma escola formando para mandar
De outro, uma formando para trabalhar...
De um lado professores vendidos
De outro, rendidos...
De um lado alunos brancos socializados
(Poema
de João Crispim Victorio Livro:
Sobre o Trabalho que Falo...)
A trajetória da educação brasileira, desde o
princípio com a chegada da Companhia de Jesus, vem sendo construída primeiro
com base no modelo europeu e, depois, no modelo norte americano. Minha intenção
aqui é fazer um recorte histórico para falar das instituições de ensino e a
formação dos professores, a partir da década de 60 do século XX e início do
século XXI.
Pois, é nas décadas de 60 e 70, que tem
início os questionamentos sobre a responsabilidade pelas injustiças sociais que
se aprofundam no país atingindo todo o sistema de educação de forma direta por
meio do currículo escolar. Nesse sentido, surge o desafio de não só conhecer
como se faz o currículo, mas compreender o que o currículo faz.
Outro desafio foi a construção da identidade
profissional a partir das transformações advindas das reformas do ensino
superior e do ensino de 1º e 2º graus. Nesta época a profissionalização do
professor torna-se um instrumento importante de luta pelo reconhecimento da atividade
de ensinar. Já que a profissão docente era considerada uma profissão
secundária. Porém, durante a década de 1980, a identidade profissional docente
passa ser classista e o debate se dá em torno da seguinte questão: o trabalho
do professor(a) era capitalista ou não. Por fim, discute-se uma identidade
profissional articulada entre classe e gênero, e aí, reconhecendo os professores
como trabalhadores culturais e intelectuais reflexivos.
A partir da década de 90, final do século XX,
a educação no Brasil passa sofrer diversos reajustes importantes que ao longo
do tempo vão alterar as estruturas da escola na base. A nova Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394 de 20 de dezembro de 1996 e depois os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documentos legais elaborados a partir
da nova Constituição Federal de 1988, para melhoria da qualidade na educação
brasileira.
Nessa conjuntura, os professores já organizados
na luta por melhorias na qualidade da educação são embalados por ventos
democráticos que começaram a soprar no país. Eles não se deixam abater pelas
posições dos governos Sarney, Collor e Fernando Henrique Cardoso em relação à
implantação de políticas neoliberais por meio do estado mínimo. Ao contrário,
irão propor diversas mudanças estruturais e legais na educação básica, entre
elas as diretamente ligadas ao modelo pedagógico até então praticado nas
escolas. São essas mudanças que vão trazer melhoramento dos índices de
desenvolvimento na qualidade do ensino e novos olhares para a educação
brasileira.
Então as soluções para a os problemas da
educação brasileira não podem depender de pessoas que, muitas das vezes, não
conhecem a realidade de uma unidade escolar, mas são mestres em criar medidas
que não passam de letras mortas no papel. Neste sentido, para que haja uma
transformação com êxito da realidade da educação brasileira torna-se necessário
dar viabilidade prática as políticas públicas e aos documentos legais que regem
nossa educação. Isso, só será possível com trabalho e empenho de todos os
sujeitos envolvidos no processo educativo e o próprio Estado.
Um dos nossos problemas é o currículo. No
passado recente, acredito que ainda hoje, o mesmo concebe a escola como uma
empresa comercial ou industrial e sua ênfase estava voltada essencialmente para
o modelo técnico. Isso, atinge a todos os envolvidos diretamente ou não na
educação de nossas crianças, jovens e adultos. Sendo assim, tratar das suas
várias concepções se faz urgente para que possamos entrar nas influências que o
paradigma da pós-modernidade traz para o currículo atual.
Outro problema é identidade profissional
docente ainda não concretizada. Esse processo de formação da identidade do professor
é uma construção histórica e tem base nos aspectos individuais que abrange o
campo social, político e ideológico. Por isso, torna-se um processo lento e
complexo já que a construção da profissão professor tem seu perfil
desqualificado pelo próprio trabalho, enraizado no senso comum da sociedade,
devido até mesmo pelos baixos salários. Dessa forma, é preciso mudar os
discursos produzidos no passado como, por exemplo, “educar por amor” vinculados
nas mídias impressa, televisiva e cinematográfica fazendo referências diretas
aos profissionais da educação. É preciso políticas de verdade que ajudem a
configurar o desprestígio profissional do professor.
Nesse contexto a formação da identidade
profissional do professor requer acima de tudo o resgate da sua dignidade
enquanto ser humano, da sua profissionalização, da prática pedagógica
favorecedora do processo de ensino-aprendizagem, do diálogo amplo com a sociedade,
da busca por transformações sociais visando diminuir as desigualdades de todas
as ordens. A profissionalização docente requer esforço coletivo da categoria em
busca de uma identidade coesa baseada na formação inicial e continuada. Assim,
também, como uma docência que busque a articulação entre teoria e prática,
ensino e pesquisa com vistas à uma profissão reconhecida na sua especificidade
pedagógica.
Para discutir a profissionalização docente no
século XXI é preciso considerar que se trata de um processo que depende da
formação inicial e continuada, depende das instituições formadores que tem a
ver com a construção da identidade docente construída no exercício cotidiano da
profissão. Porém, não é uma tarefa difícil, já que percebemos que nos falta
formação política na sociedade. Sociedade de onde virão os pretensos cidadãos
candidatos a profissionais da educação.
REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagens e auto-imagens. 11 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
BRASIL. Ministério da Educação e da Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº.9.394/96). Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2762/ldb_5ed.pdf>.Acesso em: 13/11/2012.
DUBAR, Claude. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. Tradução: Andréa Stahel M. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
GARCIA, Maria Manuela Alves; HYPOLITO, Álvaro Moreira; VIEIRA, Jarbas Santos. As Identidades docentes como fabricação da docência. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 45-56, jan./abr. 2005.
PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no oficio do professor: profissionalização e razão pedagógicas Claúdia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SAVIANI, Dermeval. O Plano de Desenvolvimento da Educação: análise do projeto do MEC.Educ. Soc. [online]. 2007, vol.28, n.100, pp. 1231-1255. ISSN 0101-7330. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300027>. Acesso em: 02 de dezembro de 2012.
VALLE, Ione Ribeiro. Da “identidade vocacional” a “identidade profissional”: a constituição de um corpo docente unificado. Perspectiva. Florianópolis, v. 20, n. Especial, p. 209-230, jul/dez. 2002.
VEIGA, I. P. A; ARAÚJO, J. C. S. Reflexão sobre um projeto ético para os profissionais da educação. In:VEIGA, I. P. A. (Orgs.). Caminhos da profissionalização do magistério. Campinas: Papirus, 1998.Imagens disponíveis em:<http://www.google.com.br/imghp?hl=en&tab=ii>.
[1] Professor, Especialista
em Educação e Poeta. Autor do livro: Nativos de Pindorama: conhecer para
respeitar é preciso. Editora Autografia, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2018.
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
A semente brotou
Cresceu rumo ao sol
Abriu-se em flor
O fruto aconteceu...
Da minha vida vem a sua
Do rebento do seu ventre
veio o primeiro choro
depois o sorriso que se estendeu...
Tenho um novo amor
A vida em continuidade
Ele chegou bem de mansinho
enchendo meu coração de felicidade...
Forte feito um urso
Adormece em meus braços
Lembro as canções de ninar
As que cantei para você, saudades...
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
domingo, 4 de outubro de 2020
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