Poema em protesto as mais de três mil mortes ocorridas em vinte quatro horas, no Brasil. O país foi colocado à deriva por um bando de insanos travestidos de governantes.
Pandemia
Tudo ia bem
na nossa Casa Comum
Mas das insistentes violações
nos habitats naturais
ocorreu um grande desequilíbrio
Organismos invisíveis que viviam em paz
foram diretamente atingidos
tiveram interrompidos seus fluxos naturais...
A partir dessa ignorância
Talvez ganância humana
que traz o insano desrespeito
a morte se faz presente
de forma intensa entre a gente
exibindo seu mais simples capricho
ceifar os mais velhos experientes
Sem se importar se pobres ou ricos...
Também não distingue gênero
muito menos a cor da pele
age segundo sua própria justiça
quer revidar séculos de agressões
assim lança milhões de vírus no ar
estes se alastram na surdina
por entre as pontes por nós construídas
Fazem festa noite e dia...
A morte que nos chega
não separa o joio do trigo
tão pouco se deixa dominar
por arrogantes senhores patéticos
fechados em seus caros ternos
luxuosos carros e apartamentos
obtidos às custas dos miseráveis
os ditos cidadãos de bem...
A morte vai em frente
a passos largos segue mutando
Agora de forma desigual
mata mais os carentes
aqueles fora do lema positivista
escrito na bandeira nacional
atualmente empunhada por estereotipados
cegos nazi-cristãos negacionistas...
João Crispim Victorio
Barra do Piraí, 24 de março de 2021.