Disciplina: Política Educacional e Organização do Sistema de Ensino
Curso
Normal: 3º Bimestre de 2019
Professor: João Crispim Victorio
Texto de apoio nº 1: A Prática Pedagógica da
Atualidade
O processo educacional sempre foi alvo de
constantes discussões e apontamentos que motivaram sua evolução em vários
aspectos, principalmente no que tange a condução de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorização do contexto escolar formador para nossos
alunos. Nesse aspecto GADOTTI (2000:4), pesquisador desse processo afirma que,
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga, destinada a uma pequena minoria, a educação tradicional iniciou seu declínio já no movimento renascentista, mas ela sobrevive até hoje, apesar da extensão média da escolaridade trazida pela educação burguesa. A educação nova, que surge de forma mais clara a partir da obra de Rousseau, desenvolveu-se nesses últimos dois séculos e trouxe consigo numerosas conquistas, sobretudo no campo das ciências da educação e das metodologias de ensino. O conceito de “aprender fazendo” de John Dewey e as técnicas Freinet, por exemplo, são aquisições definitivas na história da pedagogia. Tanto a concepção tradicional de educação quanto a nova, amplamente consolidadas, terão um lugar garantido na educação do futuro. (GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)
Diante de enumeras transformações sociais,
onde informações e descobertas acontecem em frações de segundo, o processo de
desenvolvimento da escola entra na pauta como um dos mais importantes aspectos
a serem discutidos neste processo, pois é nela que são promovidas as mais
importantes formulações teóricas sobre o desenvolvimento cultural e social de
todas as nações, dessa forma, a pesquisa educacional acaba tomando um lugar
central na busca de perspectivas que possibilitem uma nova prática educacional,
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar,
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivação dessas
transformações.
Com as constantes modificações sofridas
por nossa sociedade no decorrer do tempo, dentre elas o desenvolvimento de
tecnologias e o aprimoramento de um modo de pensar menos autoritário e menos
regrado, os agentes educacionais e a escola de uma maneira geral, vêm
vivenciando um processo de mudança que tem refletido principalmente nas ações
de seus alunos e na materialização destas no contexto escolar, fato que tem se
tornado ponto de dificuldade e insegurança entre professores e agentes
escolares de forma geral, configurando em forma de comprometimento do processo
ensino-aprendizagem, sobre isso, GADOTTI (2000:6) afirma que,
Neste começo de um novo milênio, a educação apresenta- se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta da universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações.(GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000).
A escola contemporânea sofre com o desenvolvimento
acelerado que ocorre a sua volta, onde as informações são atualizadas em
frações de segundos, ocasionando de certa forma, o desgaste e o comprometimento
das ações voltadas para o aprimoramento do ensino, fazendo com que a sala de
aula se torne um ambiente de pouca relevância para a consolidação do
conhecimento, tornando a vivência social o requisito primordial para a busca de
aprendizado, sobre essa escola, AMÉLIA HAMZE (2004:1) afirma em seu artigo “O
Professor e o Mundo Contemporâneo”, que
Como educadores não devemos identificar o termo informação como conhecimento, pois, embora andem juntos, não são palavras sinônimas. Informações são fatos, expressão, opinião, que chegam as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que acarretam. Conhecimento é a compreensão da procedência da informação, da sua dinâmica própria, e das consequências que dela advém, exigindo para isso um certo grau de racionalidade. A apropriação do conhecimento, é feita através da construção de conceitos, que possibilitam a leitura crítica da informação, processo necessário para absorção da liberdade e autonomia mental. (HAMZE, A.O professor e o mundo contemporâneo, 2004).
É perceptível que o saber científico e a
busca pelo conhecimento, tem fugido do interesse da sociedade em geral, pois a
atualização das informações tem ocorrido de forma acessível a todos os
segmentos satisfazendo de uma forma geral aos interesses daqueles que as
buscam. A escola nesse contexto tem por opção repensar suas ações e o seu papel
no aprimoramento do saber, e para isso, uma reflexão sobre seus conceitos
didático-metodológicos precisa ser feita, de forma a adequar-se ao momento
atual e principalmente colocar-se na postura de organização principal e mais
importante na evolução dos princípios fundamentais de uma sociedade, DOWBOR
(1998:259), sobre essa temática diz que,
...será preciso trabalhar em dois
tempos: o tempo do passado e o tempo do futuro. Fazer tudo hoje para superar as
condições do atraso e, ao mesmo tempo, criar as condições para aproveitar
amanhã as possibilidades das novas tecnologias. (DOWBOR, L. A Reprodução
Social, 1998)
GADOTTI (2000:8), sobre o assunto afirma
que seja qual for à perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma
educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora,
superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma
educação muito mais voltada para a transformação social do que para a
transmissão cultural.
Dessa Forma, a prática pedagógica dos
agentes educacionais no momento atual, bem como a condução do processo
ensino-aprendizagem na sociedade contemporânea, precisa ter como primícias a
necessidade de uma reformulação pedagógica que priorize uma prática formadora
para o desenvolvimento, onde a escola deixe de ser vista como uma obrigação a
ser cumprida pelo aluno, e se torne uma fonte de efetivação de seu conhecimento
intelectual que o motivará a participar do processo de desenvolvimento social,
não como mero receptor de informações, mas como idealizador de práticas que
favoreçam esse processo,
Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utilitarista de só oferecer informações “úteis” para a competitividade, para obter resultados. Deve oferecer uma formação geral na direção de uma educação integral. O que significa servir de bússola? Significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer. (GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)
Segundo Ladislau Dowbor (1998:259), a
escola deixará de ser “lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”.
Prossegue dizendo que pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser
determinante sobre o desenvolvimento. A educação tornou-se estratégica para o
desenvolvimento, mas, para isso, não basta “modernizá-la”, como querem alguns.
Será preciso transformá-la profundamente.
O professor nesse contexto deve ter em
mente a necessidade de se colocar em uma postura norteadora do processo
ensino-aprendizagem, levando em consideração que sua prática pedagógica em sala
de aula tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno,
podendo ele ser o foco de crescimento ou de introspecção do mesmo quando da sua
aplicação metodológica na condução da aprendizagem. Sobre essa prática, GADOTTI
(2000:9) afirma que “nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento,
diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir
conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso,
buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos
seus alunos”.
Ele afirma ainda que,
Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marketeiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber (não o dado, a informação e o puro conhecimento), porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mas produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis. (GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)
HAMZE (2004:1) em seu artigo “O Professor
e o Mundo Contemporâneo” considera que Os novos tempos exigem um padrão
educacional que esteja voltado para o desenvolvimento de um conjunto de
competências e de habilidades essenciais, a fim de que os alunos possam
fundamentalmente compreender e refletir sobre a realidade, participando e
agindo no contexto de uma sociedade comprometida com o futuro. (HAMZE, A.O
professor e o mundo contemporâneo, 2004).
Assim, faz-se necessário à busca de uma
nova reflexão no processo educativo, onde o agente escolar passe a vivenciar
essas transformações de forma a beneficiar suas ações podendo buscar novas
formas didáticas e metodológicas de promoção do processo ensino-aprendizagem
com seu aluno, sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanços
estruturais de nossa sociedade, mas um instrumento de enfoque motivador desse
processo.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, A. H. O professor e o mundo contemporâneo. Jornal O Diário Barretos, opinião aberta, 08 jul 2004.
DOWBOR,
L. A reprodução Social. São Paulo: Vozes, 1998.
GADOTTI,
M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 2000.
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