sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

 Uma viagem no século XX


 Homenagem aos 110 anos de Noel Rosas.

 

Ouço um samba

cantado ao longe

São vários os tons das vozes

Um verdadeiro ajuntamento popular...

 

Vozes bem afinadas

seguem a ritmada batucada

Involuntárias as pernas gingam

Todo o corpo quer dançar...

 

Na poesia de Noel

o mar é cor de rosa

Cruzava-se o Atlântico

feito um boêmio romântico...

 

Sob o céu estrelado

vai o samba canção

Ganha as ruas noturnas

o livre violão...

 

Nos bares da cidade

tem gente organizada

Um samba de Noel

sendo lembrado...

 

 

Ipiabas, 10 de dezembro de 2020

João Crispim Victorio

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

 

3ª parte: O dia a dia

 

Os negros

sequestrados e trazidos escravizados

desembarcaram no Rio de janeiro, Recife e Salvador

Dessas cidades

eram distribuídos nas fétidas senzalas

das fazendas do interior

 

Na maravilhosa cidade

a maioria era lavada para o sul fluminense

onde existiram enormes cafezais

Na região

lideraram e organizaram a resistência

Manuel Congo, Mariana Crioula e outros mais

 

Muitos morreram

e foram abandonados no longo dos caminhos

tiveram a vida interrompida sem chegar ao destino

Não era fácil

Como se unir para resistir a crueldade

Já que entre eles vários ainda eram meninos

 

Alguns fugiram

A princesa Aqualtune deu início a resistência

junto a outros organizou o quilombo dos Palmares

Ganga Zumba, Zumbi e Dandara

continuaram a luta de toda àquela gente

resistiram até a morte com coragem

 

Tereza de Benguela

a líder que resistiu à escravidão

no centro do país uniu negros e indígenas

Os nagôs

entre tantos outros buscaram a liberdade religiosa

A Revolta dos Malês de ontem, hoje é nossa

 

Quantas leis

Eusébio de Queirós, Ventre livre, Sexagenários e Áurea

Todas para enganar negros e ingleses

João Cândido

O “almirante negro”, conforme, João do Rio

não se calou com as imorais chibatadas

 

Na Praça XV

está o navegante negro

figura erguida de corpo inteiro

O ex operário

o nordestino que presidente se tornou

foi quem o anistiou

 

João Crispim Victorio

Ipiabas, 20 de novembro de 2020

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 2ª parte: A chegada

 

 Bem vindos!

Chegaram à América portuguesa

Grande extensão territorial colonizada por Portugal

Nessa época

quase toda Europa brigava por terras desconhecidas

era a chamada expansão marítima comercial

 

Logo no início

depois de roubarem as nobres madeiras

o Nordeste é invadido pela cana-de-açúcar

O Sudeste

que não é somente litoral

tem seu interior tomado por grandes cafezais

 

No cais

das promissoras cidades coloniais

ancoravam navios transbordando de negros

Os senhores

aqueles ganhadores das capitanias hereditárias

 aguardavam ansiosamente por suas mercadorias

 

Os desalmados

expostos para serem comercializados

estavam em lotes de diferente gente misturada

Sem cerimônia

eram avaliados por seus dentes

além dos fortes músculos que impressionava

 

Negócio feito!

Sentenciava os donos dos engenhos e dos cafezais

Os donos das cidades e dos escravizados

Esses fazendeiros

donos do dinheiro e da política local

viam seus lucros aumentando cada vez mais

 

Na verdade

Os negros escravizados pelos europeus

seriam substitutos dos “preguiçosos” índios 

Os nativos

que até então serviram de mão-de-obra escrava

mas bravamente resistiram à esta maldição

 

Tudo acontecia

com conivência e benevolência da monarquia

Essa, seguindo seus interesses, fazia vista grossa

Independência ou morte!

Um grito para defender o mais rico

enquanto o mais pobre sofria  

 

João Crispim Victorio

Ipiabas, 20 de Novembro de 2020

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

 

Diáspora africana

 1ª parte: A partida

 Os negros

que no passado aqui chegavam

não foram gentilmente convidados

Essas pessoas

jovens homens, mulheres e crianças

foram arrancadas de suas terras sem piedade

 

Quanta gente

entre si diferentes

sofreram a violência das correntes

Aos montes

foram arrastadas como animais

Sangraram no solo sagrado dos seus ancestrais

 

Para trás

ficaram famílias divididas a força

mulheres sem maridos e crianças sem pais

Nessa crueldade

deixaram várias comunidades mutiladas

Angola, Moçambique, Nigéria e outras mais?

 

Aos porões

dos grandes navios transatlânticos

corpos foram jogadas feito carnes inertes

Quede a chuva

o sol, a lua acompanhada de estrelas

O céu lhes fora ocultado

 

Várias línguas

Sob armas de fogo foram caladas

Apenas lágrimas de dor e de saudade

A África

aos poucos foi ficando para trás

quanto mais longe dos olhos, mais dói o coração

 

Seus filhos

nascidos do seu fértil chão

deixaram espalhadas suas raízes

Novas sementes

germinaram no solo adubado do sangue vermelho

sangue igual a de toda gente

 

o Atlântico

abriga com respeito as muitas almas

dos corpos negros comidos pelos peixes

Guarda segredos

lágrimas e lamentos contidos e revelados

de toda aquela gente


                                    João Crispim Victorio                                    20 de Novembro de 2020.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Lançamento do Instituto Conhecimento Liberta com Eduardo Moreira e Jessé...

 O Papel, o Funcionamento das Instituições de Ensino e a Identidade do Professor no Brasil.

João Crispim Victorio[1]

As escolas


De um lado uma escola estruturada

De outro, uma desorganizada...
 
                                           De um lado professores estimulados
                                           De outro, desanimados...
De um lado uma escola bem cuidada
De outro, uma abandonada...
                              
                                                                         De um lado professores humilhados
                                           De outro, baixos salários...
De um lado uma escola promissora
De outro, uma opressora...
                         
                                           De um lado alunos respeitados
                                           De outro, violentados...
De um lado uma escola de diálogos
De outro, uma de gritos...
 
                                           De um lado alunos bem acolhidos
                                           De outro, excluídos...
 
De um lado uma escola formando para mandar
De outro, uma formando para trabalhar...
 
                                           De um lado professores vendidos
                                           De outro, rendidos...
De um lado alunos brancos socializados
De outro, negros marginalizados...

                                      (Poema de João Crispim Victorio                                               Livro: Sobre o Trabalho que Falo...) 

A trajetória da educação brasileira, desde o princípio com a chegada da Companhia de Jesus, vem sendo construída primeiro com base no modelo europeu e, depois, no modelo norte americano. Minha intenção aqui é fazer um recorte histórico para falar das instituições de ensino e a formação dos professores, a partir da década de 60 do século XX e início do século XXI.

Pois, é nas décadas de 60 e 70, que tem início os questionamentos sobre a responsabilidade pelas injustiças sociais que se aprofundam no país atingindo todo o sistema de educação de forma direta por meio do currículo escolar. Nesse sentido, surge o desafio de não só conhecer como se faz o currículo, mas compreender o que o currículo faz.

Outro desafio foi a construção da identidade profissional a partir das transformações advindas das reformas do ensino superior e do ensino de 1º e 2º graus. Nesta época a profissionalização do professor torna-se um instrumento importante de luta pelo reconhecimento da atividade de ensinar. Já que a profissão docente era considerada uma profissão secundária. Porém, durante a década de 1980, a identidade profissional docente passa ser classista e o debate se dá em torno da seguinte questão: o trabalho do professor(a) era capitalista ou não. Por fim, discute-se uma identidade profissional articulada entre classe e gênero, e aí, reconhecendo os professores como trabalhadores culturais e intelectuais reflexivos.

A partir da década de 90, final do século XX, a educação no Brasil passa sofrer diversos reajustes importantes que ao longo do tempo vão alterar as estruturas da escola na base. A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394 de 20 de dezembro de 1996 e depois os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documentos legais elaborados a partir da nova Constituição Federal de 1988, para melhoria da qualidade na educação brasileira.

Nessa conjuntura, os professores já organizados na luta por melhorias na qualidade da educação são embalados por ventos democráticos que começaram a soprar no país. Eles não se deixam abater pelas posições dos governos Sarney, Collor e Fernando Henrique Cardoso em relação à implantação de políticas neoliberais por meio do estado mínimo. Ao contrário, irão propor diversas mudanças estruturais e legais na educação básica, entre elas as diretamente ligadas ao modelo pedagógico até então praticado nas escolas. São essas mudanças que vão trazer melhoramento dos índices de desenvolvimento na qualidade do ensino e novos olhares para a educação brasileira.

Então as soluções para a os problemas da educação brasileira não podem depender de pessoas que, muitas das vezes, não conhecem a realidade de uma unidade escolar, mas são mestres em criar medidas que não passam de letras mortas no papel. Neste sentido, para que haja uma transformação com êxito da realidade da educação brasileira torna-se necessário dar viabilidade prática as políticas públicas e aos documentos legais que regem nossa educação. Isso, só será possível com trabalho e empenho de todos os sujeitos envolvidos no processo educativo e o próprio Estado.

Um dos nossos problemas é o currículo. No passado recente, acredito que ainda hoje, o mesmo concebe a escola como uma empresa comercial ou industrial e sua ênfase estava voltada essencialmente para o modelo técnico. Isso, atinge a todos os envolvidos diretamente ou não na educação de nossas crianças, jovens e adultos. Sendo assim, tratar das suas várias concepções se faz urgente para que possamos entrar nas influências que o paradigma da pós-modernidade traz para o currículo atual.

Outro problema é identidade profissional docente ainda não concretizada. Esse processo de formação da identidade do professor é uma construção histórica e tem base nos aspectos individuais que abrange o campo social, político e ideológico. Por isso, torna-se um processo lento e complexo já que a construção da profissão professor tem seu perfil desqualificado pelo próprio trabalho, enraizado no senso comum da sociedade, devido até mesmo pelos baixos salários. Dessa forma, é preciso mudar os discursos produzidos no passado como, por exemplo, “educar por amor” vinculados nas mídias impressa, televisiva e cinematográfica fazendo referências diretas aos profissionais da educação. É preciso políticas de verdade que ajudem a configurar o desprestígio profissional do professor.

Nesse contexto a formação da identidade profissional do professor requer acima de tudo o resgate da sua dignidade enquanto ser humano, da sua profissionalização, da prática pedagógica favorecedora do processo de ensino-aprendizagem, do diálogo amplo com a sociedade, da busca por transformações sociais visando diminuir as desigualdades de todas as ordens. A profissionalização docente requer esforço coletivo da categoria em busca de uma identidade coesa baseada na formação inicial e continuada. Assim, também, como uma docência que busque a articulação entre teoria e prática, ensino e pesquisa com vistas à uma profissão reconhecida na sua especificidade pedagógica.

Para discutir a profissionalização docente no século XXI é preciso considerar que se trata de um processo que depende da formação inicial e continuada, depende das instituições formadores que tem a ver com a construção da identidade docente construída no exercício cotidiano da profissão. Porém, não é uma tarefa difícil, já que percebemos que nos falta formação política na sociedade. Sociedade de onde virão os pretensos cidadãos candidatos a profissionais da educação.

 

 

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagens e auto-imagens. 11 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação e da Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº.9.394/96). Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2762/ldb_5ed.pdf>.Acesso em: 13/11/2012.

DUBAR, Claude. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. Tradução: Andréa Stahel M. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

GARCIA, Maria Manuela Alves; HYPOLITO, Álvaro Moreira; VIEIRA, Jarbas Santos. As Identidades docentes como fabricação da docência. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 45-56, jan./abr. 2005.

PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no oficio do professor: profissionalização e razão pedagógicas Claúdia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 2002.

SAVIANI, Dermeval. O Plano de Desenvolvimento da Educação: análise do projeto do MEC.Educ. Soc. [online]. 2007, vol.28, n.100, pp. 1231-1255. ISSN 0101-7330. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300027>. Acesso em: 02 de dezembro de 2012.

VALLE, Ione Ribeiro. Da “identidade vocacional” a “identidade profissional”: a constituição de um corpo docente unificado. Perspectiva. Florianópolis, v. 20, n. Especial, p. 209-230, jul/dez. 2002.

VEIGA, I. P. A; ARAÚJO, J. C. S. Reflexão sobre um projeto ético para os profissionais da educação. In:VEIGA, I. P. A. (Orgs.). Caminhos da profissionalização do magistério. Campinas: Papirus, 1998.Imagens disponíveis em:<http://www.google.com.br/imghp?hl=en&tab=ii>.



[1] Professor, Especialista em Educação e Poeta. Autor do livro: Nativos de Pindorama: conhecer para respeitar é preciso. Editora Autografia, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2018.

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Para Bernardo, neste seu primeiro dia das crianças de muitos que ainda virão...

Continuidade
 
A semente brotou
Cresceu rumo ao sol
Abriu-se em flor
O fruto aconteceu...
 
Da minha vida vem a sua
Do rebento do seu ventre
veio o primeiro choro
depois o sorriso que se estendeu...
 
Tenho um novo amor
A vida em continuidade
Ele chegou bem de mansinho
enchendo meu coração de felicidade...
 
Forte feito um urso
Adormece em meus braços
Lembro as canções de ninar
As que cantei para você, saudades...


João Crispim Victorio
Barra do Piraí, 12 de Outubro de 2020.


  

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

 Um Novo Paradigma Educacional para a Contemporaneidade

João Crispim Victorio[1]

           Professor é quem professa

             Quem professa algum conhecimento

             Professa o que exatamente?

 

                   Pensa, poder ser da política independente

                   Acredita na igualdade de oportunidades

                   Imagina a escola neutra

 

                              Falta-lhe consciência da função social

                              Professa para quem, afinal?

 

(Poema de João Crispim Victorio

Livro: Sobre o Trabalho que Falo...) 

Um novo paradigma se faz necessário ao pensarmos a educação no atual momento. Um paradigma que se caracterize pela desconstrução de algumas tradições do passado. O saber científico, e outras questões colocadas para reflexão sobre o modelo atual das práticas docentes, nas diversas instituições de ensino devem ser pensados pelos envolvidos no processo ensino aprendizagem para o sucesso de todos.

Dessa forma o debate das concepções contemporâneas e suas influências na educação são de grande relevância na atual conjuntura. Discussão esta que sempre esteve presente nos programas curriculares desde a década de 1970 e 1980 no intuito de romper com o tecnicismo presente na Lei nº. 5.692/71 e que até hoje causa influência no campo sócio educacional.

Mesmo após a instituição da Lei nº. 9.394/96 (LDB/96) não se conseguiu extinguir as velhas práticas do modelo educacional brasileiro, criadas no final do século XIX. Para piorar, atrelaram a educação aos ditames dos organismos internacionais que regem o mercado mundial e baseiam a formação humana em habilidades e competências voltadas para o trabalho.

Diante do problema exposto, é imperioso aprofundar essas discussões no currículo, não como um conceito, mas uma construção cultural. Temos de ir além da superficialidade da discussão do currículo oculto, formal ou informal, das concepções com base no ensino tradicional. É necessário compreender o currículo como reflexo da sociedade local e global, e que, por isso, sofre influências da política, da economia e do meio social. Por fim, o currículo deve ser compreendido como um processo elaborado e reelaborado pelos sujeitos da educação.

O novo currículo a ser instituído deve ter compromisso ético-emancipatório com os sujeitos da educação; ter sintonia com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs); ter diálogo entre os diversos campos do conhecimento e ocorrer de forma a analisar e interpretar as diferentes fontes de informação. Nesse novo currículo deve predominar a perspectiva do trabalho com os saberes em rede, ou seja, onde todos os sujeitos se relacionem com igual importância no fazer escolar. Aqui o conhecimento é construído de maneira semelhante a uma árvore em que as raízes se conectam umas às outras dando sustentação, alimento e força para fazer com que a aprendizagem seja alimentada e possa gerar “frutos” nos estudantes.

Um novo currículo com base nas concepções contemporâneas de educação nos permitirá abordar a temática do conhecimento de mundo nas escolas, de acordo com o conhecimento acumulado pela humanidade e pelas ciências, para tanto é preciso mudança de postura do educador. Este, precisa buscar e interpretar criticamente a realidade contemporânea em sala de aula, ter nova conduta para alicerçar a escolha dos conteúdos a serem discutidos em sua prática docente, pois vivemos em um mundo de constantes transformações em todas as esferas da vida social global e local.

A demanda é grande e requer um educador como agente provocador, capaz de realizar as intervenções pedagógicas necessárias no processo ensino-aprendizagem. Um educador que crie um ambiente propício para a reflexão dos diversos campos que constituem a vida em sociedade no seu contexto mais amplo. Dessa maneira contribuir para formar o novo homem em um mundo em que o conhecimento é a chave para o desenvolvimento profissional e, consequentemente, para uma vida melhor.

Neste contexto, as pesquisas contemporâneas na área da educação mostram a importância do educador como produtor e pesquisador na sua prática cotidiana. Educador consciente da complexidade profissional e humana, ciente da necessidade da instituição dos diversos saberes no espaço educacional contemporâneo.

Sendo assim,  é notório que tanto as instituições de ensino, quanto os processos de formação de professores devam ser reformulados na perspectiva de oferecer ao profissional da educação subsídios humanos em comunhão com os aspectos técnicos, no intuito de preparar o educador a dar conta da complexidade e da problemática ação de ensinar e aprender em uma sociedade pós-moderna.



[1] Professor, Especialista em Educação e Poeta. Autor do livro: Nativos de Pindorama: conhecer para respeitar é preciso. Editora Autografia, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2018.

 

domingo, 9 de agosto de 2020

Casaldáliga

Há tempos
não olhava para o céu
Não refletia sobre o seu azul
sua imensidão sideral
Não olhava mais para as nuvens
não refletia sobre sua formação
seus movimentos suaves...
 
Há tempos
não reparava uma árvore
Não refletia sobre suas verdes folhas
sua função vital
Não reparava seus frutos
não percebia suas flores
sua sombra no quintal...
 
Há tempos
não sentia o vento
Não refletia sobre seus deslocamentos
sua importância para nossa vida
Não pensava a Terra
Não lembrava dos indígenas
suas lutas pelas florestas...
 
Há tempos
não vivia a vida
Não refletia sobre a morte
não escrevia uma poesia
Mas você Pedro
Descalço em terra vermelha
Traz-me inspiração...
 
Há tempos
não tinha tanta dor
Não refletia sobre o amor
todas as suas implicações
Volto para resistência
Reponho no dedo o anel de Tucum
Pedro, sua luta não foi em vão...
 
 
João Crispim Victorio 
Barra do Piraí, 09 de agosto de 2020.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

O filósofo não é aquele que detém o saber, mas é aquele que o busca incessantemente...

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Barra do Piraí, 12 de junho de 2020.


Aos meus Irmãos, Camaradas e Companheiros.

                                                                                 “Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
                                                                                  Que uma nova mudança, em breve, vai acontecer
                                                                                  E o que algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo
                                                                                  E precisamos todos rejuvenescer”. Belchior



Compartilho aqui com vocês um trecho do meu livro publicado em 2018. Faço isso porque sinto necessidade de contribuir para trazer de volta o ânimo, o espírito de luta por justiça e igualdade. Acredito que estamos vivendo tempos difíceis no Brasil, desde 2015. Parece-me até que durante todo este período uma nuvem gigante contendo algum tipo de droga inebriante estacionou sobre nosso país.

Porém, uma luz, ainda que meio tímida, começa a brilhar e aos poucos vêm aumentando sua intensidade. Sim, eu consigo perceber isso, pois conforme canta Belchior, “vejo vir vindo no vento o cheiro de nova estação, eu sinto tudo na ferida viva do meu coração”. Sinto e vejo por que a ferida está viva no meu coração, assim como acredito que está também no coração de vocês. Então, quantas coisas boas, na Europa e em toda a América, tem acontecido atualmente devido algumas insurreições populares contra os donos do poder político e econômico. São coisas que nos faz pensar e acreditar no mundo melhor.

Sei que além de um novo vento temos também um novo vírus que veio para nos fazer refletir sobre a vida que vivemos. Não seremos ingênuos para acreditar que todos vão mudar de atitude, de comportamento e chegaremos ao ideal liberdade, igualdade e fraternidade entre nós. Sabemos que o mal provocado pelo capitalismo não é superficial, pelo contrário está enraizado nos corações de algumas pessoas e, isso as deixam cegas de egoísmo, de individualismo e de preconceitos, sentimentos que as destroem, aniquilam e as tornam insensíveis ao próximo.

Uma nova história precisa ser construída de preferência sem opressores e oprimidos, o modelo positivista acabou. Para tanto, é necessário que nos livremos de monumentos, como por exemplo, o dos Bandeirantes erguido na cidade de São Paulo, pois é uma afronta aos povos indígenas, nativos desta terra, é bom que não nos esqueçamos, e ao negros, ambos perseguidos, violentados e mortos por essa milícia armada. Não precisamos de monumentos para homenagear gente, muitas das vezes construídas por mentiras e com um único objetivo, manter-se no poder.

A nova história deve ser construída com base sólida na verdade e na liberdade. Onde todos venham fazer parte dela. Sendo assim, temos um importante compromisso com tudo isso, lembrando Belchior, “Para abraçar meu irmão e beijar minha menina na rua é que se fez o meu lábio, o meu braço e a minha voz”.


                                                                                        João Crispim Victorio.

Bíblia: a Escritura Sagrada Inspirada por Deus. João Crispim Victorio – Professor, Especialista em Educação. “Toda Bíblia é comunicação de ...