segunda-feira, 4 de abril de 2022

Campanha da Fraternidade 2022
 
Fraternidade e Educação
 
Fala com Sabedoria, Ensina com Amor
 
Provérbios 31, 26
 
Professor

Professor é quem professa
Quem professa algum conhecimento
professa o que exatamente?
Pensa poder ser da política independente
acredita na igualdade de oportunidades
Imagina a escola neutra
falta-lhe consciência da função social
Professa para quem, afinal?

Não percebe
o porquê dos conteúdos que leciona
o Currículo pronto que sem questionar segue
A ideologia do poder dominante
que seu tempo é controlado por um relógio
que o que ensina nem sempre é importante

Não percebe
que deve sair das quatro paredes frias
que fora da sala de aula há canto de pássaros
sombras de verdes arvoredos respirando vida
Aluno não significa propriamente o sem luz
que o ser é completo num sistema fragmentado
que a criança sem imaginação é vítima da televisão

Não percebe
o que é fundamental nas relações humanas
Que política é essencial na vida em sociedade
que o educando não é tábua rasa
Que precisa escutar e acreditar mais
e assim poder reverter este triste fato
Por aí, quem sabe, se conquista a liberdade...


As escolas

De um lado uma escola estruturada
de outro, uma desorganizada
De um lado professores estimulados
de outro, desanimados...

De um lado uma escola bem cuidada
de outro, uma abandonada
De um lado professores bem remunerados
de outro, baixos salários...

De um lado uma escola promissora
de outro, uma opressora
De um lado alunos respeitados
de outro, violentados...

De um lado uma escola de diálogos
de outro, uma de gritos
De um lado alunos bem acolhidos
de outro, excluídos...

De um lado uma escola formando para mandar
de outro, formando para trabalhar
De um lado professores vendidos
de outro, rendidos...

De um lado alunos brancos socializados
de outro, negros marginalizados...


A mesma história (I)

O menino sai de casa
quando vai alta madrugada
Corre atrás de um emprego
não é o último, nem o primeiro
Espera o trem na estação
Aprendeu desde cedo esta lição...

Perde os sonhos na realidade
Na infância extirpada à metade
acabou a brincadeira
Magro corpo esmirrado
vai trabalhar numa caldeira
mais um pobre coitado...

O menino volta a casa
quando o sol a muito já se foi
Glória esperada por todo operário
Tem o semblante tristonho
feito toda aquela gente grande
depois de mais um dia de trabalho...

Tiraram-lhe os livros
Seus curtos passos não são livres
Forte símbolo da opressão
Seus conhecimentos parcos
limita os poucos sonhos
O chão da fábrica é sua prisão...


A mesma história (II)

Pobre menino
Cresceu na expectativa da oportunidade
Transformou-se logo em adulto
feito muitos outros
frustrado na triste realidade...

Não entende as desgraças da vida
Toma mais um gole de cachaça
Um só não o satisfaz
Seu sorriso foi ficando para trás
assim, como toda sua mocidade...

A história não muda
No sistema de classes
a velha escola mantém a desigualdade
Poucos têm o tal capital
muitos apenas a força braçal...

Nos solitários momentos
vem um aperto no coração
Porém as lágrimas são retidas
Porque homem não chora
Cedo aprendeu a tola lição...






                     Poema de João Crispim Victorio.
                     Livro: Sobre o Trabalho que Falo...

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