Uma homenagem a todas as mulheres
A Todas
as Mulheres
A todas as mulheres
Carmelitas, Almerindas
Marias,Conceições
Creusas e Ritas...
Amarelas, brancas
Negras, índias e mestiças...
Gordas, magras
Altas, baixas
Feias e bonitas...
Informadas, alienadas
Estudadas e analfabetas...
Casadas, separadas
Viúvas, amantes e solteiras...
A todas as mulheres
Que se viram nas noites
Que batalham os dias...
Que fazem história
Que geram vidas
Que somam vitórias...
Que vão à luta
Que descobrem o medo
Que ignoram preconceitos...
Que assumem seus desejos
Que têm coragem...
A todas essas mulheres
A honra, o reconhecimento
A flor da homenagem...
Mulher
Insubstituível
Incomparável
Melhor...
Busca masculina da perfeição divina
Origem de tudo
Essência da vida...
A natureza produz teu nome
Rosa, Hortênsia, Margarida...
Luz
Perseverança
Conquistadora
Lindas
Perfeitas
Posso vê-las...
Nas areias das praias
Nos becos das favelas...
Brancas
Negras
Morenas...
Desfilando na avenida
Na minha esquina...
Rotina
Acorda
bem cedo a menina
No
silêncio se arruma
Plena
melancolia
Diante
do pequeno espelho
Profunda
respiração
No
rosto um pouco de rouge
Nos
lábios o batom...
Segue
seu reto destino
Sem
o Norte e sem Sul
Animal
no corredor da morte
Anda
despertando sentidos
Avarentos
homens no cio...
Sobe
a mesma passarela
Parecem
infinitos os degraus
Embarca
no trem lotado
Sem
igual...
Baixada
direto à central
Rio,
cidade maravilhosa
Vida
dura de trabalho
Ganha
um misero salário
Isso
a deixa orgulhosa...
Acorda
bem cedo a menina
No
silêncio começa sua rotina
Repete
cada gesto
Faz
tudo de novo
Uma
agonia...
Agora
é espelho
O
fruto está no seu ventre
No corredor da morte
Sorte lançada ao vento...
Guerreira
Ela desceu o morro
Não temeu a cidade
Conquistou seu espaço
Com dignidade...
Negro não mais se curva!
Negro não mais se cala!
Mão firme ergueu o estandarte
Mostrou sua rebeldia
Opressora sociedade...
Mulher não mais se curva!
Mulher não mais se cala!
Guerreira apaixonada
Voz dos oprimidos
Vez dos marginalizados...
Negro não mais se curva!
Mulher não mais se cala!
Seu Nome
Diga seu nome
Fale alto em bom tom
Todos devem ouvir...
Não tenha medo
Mostre sua cara
Seu corpo frágil...
Frágil porque é humano
Tem valor porque está
vestido...
Fale alto em bom tom
Não tenha vergonha
Outras vão lhe seguir...
Trabalho digno
Igualdade salarial
Respeito irrestrito...
Mostre suas mãos calejadas
Todo seu brilho...
Fale alto em bom tom
Na sala de aula ou de cirurgia
Na direção de empresa ou de
caminhão...
Sou forte e competente
Mulher como outra qualquer
Dona de casa e presidente...
Dê seu recado
Maria que era anônima...
Ser fútil é o maior dos
pecados...
Diolinda
Como pode ser
Mulher franzina
Estatura mediana
Incomodar tanto o poder...
Ouvindo-a compreendi
Na força da voz
Na determinação
Na coragem com que falava
Quanta sabedoria!
Vi fluir livremente
A áurea do corpo
Um brilho nos olhos
Da boca um som mágico
Ecoava por toda sala
Penetrava em meus ouvidos...
Meu Deus!
Linda guerreira
Trouxe esperança
Ressuscitou o ânimo dos adormecidos
Como eu...
Poesias de João Crispim Victorio
Livros: Sobre o Trabalho que Falo... (2013)
Sobre o Rio que Falo... (2015)
Sobre Nós que Falo... (2017)
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