sexta-feira, 12 de junho de 2020


Bandeirantes, vilões feitos heróis[1]
João Crispim Victorio[2]
    
A ideia aqui é falar, de forma resumida, sobre os acontecimentos bárbaros que ocorreram na época do Brasil Colônia. Dê um lado, o governo português que, com sua obstinação nas riquezas do Brasil, foi explorando a qualquer custo o interior do país. Do outro lado, os indígenas, originários da terra, que se encontravam no caminho e, por isso, foram assassinados e tiveram suas mulheres e crianças violentadas pelas milícias armadas que oficialmente receberam o nome de Entrada ou o nome não oficial, Bandeiras.
     Os bandeirantes foram homens contratados pela Coroa portuguesa no princípio da colonização do Brasil. De início, visavam a captura dos índios para utilização da sua mão de obra nas plantações. Tempos depois, o objetivo era o de capturar negros escravos fugitivos e dominar indígenas rebeldes. Estes homens, que eram em sua maioria paulistas, além de atuarem na captura de escravos e assassinatos de indígenas, atuaram também na procura de pedras e metais preciosos pelo interior do Brasil.
Os Bandeirantes saíam da cidade de São Paulo e de São Vicente, litoral paulista, atingiam o interior do Brasil através das florestas e seguindo o curso dos rios como, por exemplo, o rio Tietê. Estas expedições de homens armados e violentos eram, enquanto explorações territoriais, chamadas de Entradas ou Bandeiras. As Entradas eram expedições oficiais organizadas pelo governo, as Bandeiras eram financiadas por senhores de engenho, donos de minas, comerciantes.
A partir do século XVII, o interesse do governo português passou a ser por ouro e pedras preciosas, que se concentravam nas regiões de Minas Gerais. Alguns outros bandeirantes foram para além da linha do Tratado de Tordesilhas[3] e descobriram o ouro. Muitos aventureiros os seguiram no Brasil central, dando início à formação das primeiras cidades.
Podemos dizer que os bandeirantes foram responsáveis pelo desbravamento e pela expansão do território brasileiro para além das fronteiras determinadas pelo Tratado de Tordesilhas, pois foi assim que ficaram historicamente conhecidos. Contudo, não podemos esquecer que esses mesmos homens agiram de forma violenta na caça de indígenas e de negros escravos foragidos, contribuindo para a manutenção do sistema escravocrata que vigorava no Brasil Colônia.
Essa é apenas uma parte de nossa história, infelizmente contada ainda hoje, tomando por base os ideais positivistas da historiografia, ou seja, valorizando os personagens que, de alguma forma, obtinham algum tipo de poder opressor em detrimento dos oprimidos. Nesse caso, temos por um lado, os bandeirantes, grupo formado por homens brancos europeus, aliados dos poderosos e, por outro lado, os indígenas, gente tratada com preconceitos e, por isso, marginalizada até os dias de hoje. Sendo assim, a história que prevalece é a das bandeiras, mesmo sendo uma história de violência contra os indígenas que foram praticamente dizimados, os que foram capturados foram escravizados, obrigados ao trabalho forçado tal qual os negros trazidos da África que os sucederam.






[1] Trecho extraído do livro Nativos de Pindorama: conhecer para respeitar é preciso. Editora Autografia, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2018.

[2] Professor, Especialista em Educação e Poeta. Autor do livro: Nativos de Pindorama: conhecer para respeitar é preciso. Editora Autografia, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2018.

[3] Tratado assinado em 7 de junho de 1494, em Tordesilhas – Espanha, entre Espanha e Portugal para resolver os conflitos sobre as terras recém-descobertas no Novo Mundo no final do século XV.


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