Bandeirantes, vilões
feitos heróis[1]
João Crispim Victorio[2]
A ideia aqui é falar,
de forma resumida, sobre os acontecimentos bárbaros que ocorreram na época do
Brasil Colônia. Dê um lado, o governo português que, com sua obstinação nas
riquezas do Brasil, foi explorando a qualquer custo o interior do país. Do outro
lado, os indígenas, originários da terra, que se encontravam no caminho e, por
isso, foram assassinados e tiveram suas mulheres e crianças violentadas pelas
milícias armadas que oficialmente receberam o nome de Entrada ou o nome não
oficial, Bandeiras.
Os bandeirantes foram homens contratados
pela Coroa portuguesa no princípio da colonização do Brasil. De início, visavam
a captura dos índios para utilização da sua mão de obra nas plantações. Tempos
depois, o objetivo era o de capturar negros escravos fugitivos e dominar
indígenas rebeldes. Estes homens, que eram em sua maioria paulistas, além de
atuarem na captura de escravos e assassinatos de indígenas, atuaram também na
procura de pedras e metais preciosos pelo interior do Brasil.
Os Bandeirantes saíam
da cidade de São Paulo e de São Vicente, litoral paulista, atingiam o interior
do Brasil através das florestas e seguindo o curso dos rios como, por exemplo,
o rio Tietê. Estas expedições de homens armados e violentos eram, enquanto
explorações territoriais, chamadas de Entradas ou Bandeiras. As Entradas eram
expedições oficiais organizadas pelo governo, as Bandeiras eram financiadas por
senhores de engenho, donos de minas, comerciantes.
A partir do século
XVII, o interesse do governo português passou a ser por ouro e pedras
preciosas, que se concentravam nas regiões de Minas Gerais. Alguns outros
bandeirantes foram para além da linha do Tratado de Tordesilhas[3] e descobriram o ouro.
Muitos aventureiros os seguiram no Brasil central, dando início à formação das
primeiras cidades.
Podemos dizer que os
bandeirantes foram responsáveis pelo desbravamento e pela expansão do
território brasileiro para além das fronteiras determinadas pelo Tratado de
Tordesilhas, pois foi assim que ficaram historicamente conhecidos. Contudo, não
podemos esquecer que esses mesmos homens agiram de forma violenta na caça de
indígenas e de negros escravos foragidos, contribuindo para a manutenção do
sistema escravocrata que vigorava no Brasil Colônia.
Essa é apenas uma
parte de nossa história, infelizmente contada ainda hoje, tomando por base os
ideais positivistas da historiografia, ou seja, valorizando os personagens que,
de alguma forma, obtinham algum tipo de poder opressor em detrimento dos
oprimidos. Nesse caso, temos por um lado, os bandeirantes, grupo formado por
homens brancos europeus, aliados dos poderosos e, por outro lado, os indígenas,
gente tratada com preconceitos e, por isso, marginalizada até os dias de hoje.
Sendo assim, a história que prevalece é a das bandeiras, mesmo sendo uma
história de violência contra os indígenas que foram praticamente dizimados, os
que foram capturados foram escravizados, obrigados ao trabalho forçado tal qual
os negros trazidos da África que os sucederam.
[1] Trecho extraído do livro Nativos
de Pindorama: conhecer para respeitar é preciso.
Editora Autografia, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2018.
[2] Professor, Especialista
em Educação e Poeta. Autor do livro: Nativos de Pindorama: conhecer para
respeitar é preciso. Editora Autografia, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2018.
[3] Tratado assinado em
7 de junho de 1494, em Tordesilhas – Espanha, entre Espanha e Portugal para
resolver os conflitos sobre as terras recém-descobertas no Novo Mundo no final
do século XV.
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