O Dia Mundial do Meio Ambiente e as Atuais Políticas Devastadoras.
Por João Crispim Victorio[1]
O dia 5 de junho foi institucionalizado como Dia Mundial do Meio Ambiente pela Organização das Nações Unidas, com o objetivo de sensibilizar a população do planeta para ações relacionadas à preservação ambiental. Nesse sentido, a cada ano, trabalha-se um tema ambiental diferente no intuito de conscientizar os povos dos problemas que o meio ambiente é constantemente afetado, principalmente, por processos de degradação decorrentes das ações do homem.
A necessidade de preservação ambiental tem sido objeto de preocupação há décadas e, diante disso, no ano de 1972, realizou-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, na cidade de Estocolmo, na Suécia. A Conferência contou com a participação de representantes de 115 países e de diversas organizações de diferentes segmentos. Estabeleceu o dia 5 de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente e criou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que coordena os trabalhos da Organização das Nações Unidas relacionados ao tema.
Esta Conferência das Nações Unidas, realizada em 1972, produziu alguns princípios com o objetivo de inspirar e guiar as populações para a preservação e melhoria do meio ambiente humano. Vejamos alguns desses importantes princípios:
“O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser eliminadas;
Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento;
O homem tem a responsabilidade especial de preservar e administrar judiciosamente o patrimônio da flora e da fauna silvestres e seu habitat, que se encontram atualmente, em grave perigo, devido a uma combinação de fatores adversos. Consequentemente, ao planificar o desenvolvimento econômico deve-se atribuir importância à conservação da natureza, incluídas a flora e a fauna silvestres;
Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização.”
No Brasil, a Semana Nacional do Meio Ambiente é comemorada na primeira semana do mês de junho e no dia 5 se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente. A semana foi criada pelo Decreto nº 86.028, de 27 de maio de 1981, com o objetivo de conscientizar a comunidade sobre a importância de preservar os diferentes tipos de ecossistemas e de complementar a celebração ao Dia do Meio Ambiente instituído pela ONU. A iniciativa visa incluir a sociedade brasileira na discussão de pautas que tratem da preservação do patrimônio natural. Um dos meios utilizados para desenvolver tal tarefa seria o de palestras nas escolas sobre o consumo sustentável.
Mas, infelizmente, não é isso que estamos vivenciando atualmente em nosso país. A Mata Atlântica, que na época da chegada dos portugueses era tão exuberante quanto a floresta Amazônica, cobrindo cerca de 15% do território nacional, a segunda maior floresta tropical do Brasil, se estendendo por 17 estados, do Sul ao Nordeste, abrangendo uma área equivalente a 1.315.460 km², hoje agoniza. Restam apenas 12,4% da floresta original, pior, o que resta está ameaçada pelo atual ministro do Meio Ambiente, que quer, além de outras coisas, anistiar os proprietários rurais que destruíram grande parte das áreas desse importante bioma, cruelmente devastado. Ele se aproveita da pandemia do covid-19, para, segundo ele, “passar os bois, enquanto a imprensa dá uma trégua ao governo por se preocupar com a pandemia”. Isso não é postura de um ministro. Muito menos do ministro do Meio Ambiente de um país tão rico em biomas e biodiversidades igual ao Brasil.
Não para por aí, a floresta Amazônica, também, está agonizante. O governo federal e seus ministros colocam a ideologia ultradireita em prática desde quando tomaram posse nos cargos. Fazem valer a política do caos, do quanto pior melhor e todos nós sofremos com isso. Os indígenas, por exemplo, que tem a Terra como um organismo vivo, sofrem vendo a mãe sangrando, quase que em hemorragia, devido às enormes feridas abertas em seu corpo nos últimos dois anos.
A floresta sofre com as queimadas, com as derrubadas de árvores, com as invasões criminosas de madeireiros e garimpeiros que contaminam os índios com seus vírus e bactérias, a mãe Terra e as águas dos rios com suas toneladas de agrotóxicos liberados por este governo, despejados indiscriminadamente para aumentar seus lucros rápidos em detrimento das vidas ali existentes. Então, o que temos a comemorar?
Barra do Piraí, 04 de junho de 2020.
Referências:
Disponível em <https://nacoesunidas.org/dia-mundial-do-meio-ambiente-pnuma-promove-reflexoes-virtuais-para-estimular-acoes-reais/amp/ >acessado em 04/06/2020.
Disponível em <https://marsemfim.com.br/mata-atlantica-patrimonio-ameacado-por-ricardo-salles/>acessado em 04/06/2020.
Disponível em <https://www.calendarr.com/brasil/semana-mundial-do-meio-ambiente/>acessado em 04/06/2020.
Disponível em <https://news.un.org/pt/tags/onu-meio-ambiente>acessado em 04/06/2020.
[1] Professor, escritor e poeta.
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